SUPERSISTIBLE
A experiência sob o mote "Supersistible" tem tido uma época intensa de produção. Mantendo a fasquia nobre, este trabalho, vocalizado por mim é certo mas que contou com o suporte instrumental de brilhantes músicos dos mais variados estilos musicais e cuja abordagem mais clínica desta experimentação tecnológica será esmiuçada posteriormente para os entendidos interessados, vai figurar como tema principal de uma apresentação - ao vivo - agendada para este verão em França (Saint-Dizier) e Portugal (Lisboa, Porto).
Precisamente, é de assinalar igualmente que a concretizada intenção não fica por aqui. Além deste "Supersistible" há mais dois temas originais e a remistura (maxi) de outra demo (popelicot) enraizada no underground datada de 2010 - ocasionalmente apresentada no Pacha no ido ano 2010 - incluídos neste package pronto a sair (...). Não os vou maçar agora com taxas de amostragens, módulos periféricos, processadores de voz e/ou outras técnicas analógicas do audiovisual como as que foram aqui usadas, mas para além das habituais DAW e controladores "Pro-Tools", convém realçar que esta experiência home-made, de caráter dark, é protagonizada pelos instrumentos. Eu não me deixo ofuscar pelas novas tecnologias e há que saber dosear a sua «compressão». Aliás, este ano descobri quartetos Gospel fenomenais em Portugal. Mas apesar de me assumir tendencialmente "melodiosa" certamente devido à minha educação musical desde a infância, situo a minha maturidade em áreas ditas mais pesadas típicas dos anos 80/90. Mas é tudo uma questão de experiências e evolução. A estagnação não faz o meu perfil. Apoiando-me sempre no acasalamento perfeito, sou muito atrevida quando se trata de audiovisual. Quando se fala em música é imperativo saber que há certos géneros que se esgotam depois de um mísero ano de edições, enquanto outros continuam verdadeiros terrenos de invenção. Tenho vindo a içar uma aprendizagem incrível nesta área. Descobrir a versatilidade e investir nos cruzamentos invisíveis entre géneros muito diferentes, continuam a minha - humilde - especialidade.
À semelhança do restante trabalho publicado na Internet, embora neste caso possa haver uma ligeira guinada para fora dos veios virtuais, entendo este modesto projeto como meramente pessoal sem qualquer ambição. Como fiz questão de realçar na minha publicação "VÍCIOS FM", a música sempre me foi muito próxima e encaro-a apenas como um energético refúgio, embora atualmente não lhe possa conceder senão escassas ocasiões (quando o rei faz anos). A Internet é outro refúgio por exemplo. Desenvolver consistência nos projetos que abraço quando me recolho, apesar de uma eventual partilha, não significa forçosamente querer negociá-los. Quando se pretende rendimento, a criação baseia-se noutros critérios, a sua análise e desenvolvimento focam as fragilidades dos compradores enquanto são aguçados os atributos da compra. Dificilmente negoceio aquilo que me sai da alma quando o resto adormece. Até porque nem sequer sou profissional. Ter musicalmente meia dúzia de trabalhos produzidos - também eles muito pessoais, apesar do aparatoso envolvimento - não me confere qualquer título. É uma questão de respeito pelo exercício dessa profissão. Do mesmo modo, ter um blog e salpicá-lo de um punhado de artigos não faz de mim uma bloguista.
Se por um lado a minha atividade profissional não me tem permitido aprofundar muito esses campos, por outro, projetos bem assentes na terra, mas com os olhos postos no futuro, não podem beneficiar de nenhum lançamento nesta altura. Falar em estúdios é o mesmo que falar em cronometragem dispendiosa. Estamos numa época em que até o preçario do minuto pode conduzir à banca rota. Exemplo, hoje, é impensável faturar gravações à hora e utilizar microfones de válvulas. Não se pode chegar ao local de rodagem com quatro ou cinco atores, 40 figurantes e esperar que o microfone aqueça. Em contrapartida, os microfones dinâmicos (ou ribon) têm o seu custo. Digamos que a resposta de "transiente" dos tempos atuais apresenta uma clara "resistência" para novos projetos. Não obstante, a falta de "empolamento" orcamental para as novidades de eclosão massiva não é nem deve ser encarada como um handycap para o resto.
De facto sou muito dedicada em tudo o que faço. Quem me conhece sabe que não troco, nunca, a qualidade pela quantidade também nos meus hobbies. As facilidades nunca traçaram o meu percurso em nada. Se tenho vindo a alcançar determinados patamares superiores é porque a fórmula é precisamente essa. Sou uma pessoa extremamente exigente comigo mesma até nas mais pequenas coisas e só me dou por satisfeita quando o meu olhar não encalha em nenhum foco preciso. E isso tudo leva tempo. Tive um ano para gravar este trabalho porque a minha vida é feita de prioridades e de disciplina.
Conclusão
Aos 33 anos, sei que me falta fazer muita coisa que me realiza como profissional e como pessoa, por isso mesmo não me dou ao luxo tempos mortos ou entregues a inutilidades. A minha atividade forçou-me a constatar que a vida é uma viagem única sempre muito curta para quem chega ao destino. Um roteiro preenchido revelou-se essencial. É sempre muito difícil testemunhar que para muitos este passeio é acidentalmente curto, enquanto outros limitam-se a marcar passo nas mais variadas mediocridades. Longa ou curta, a vida não admite inércias.
Laetitea
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