11.01.2010

Estoril Film Festival 2010



ESTORIL FILM FESTIVAL 2010 by Laetitea

Pour sa 4e édition, le Festival de Cinema d´Estoril accueille une fois de plus de nombreuses personnalités du 7ème art. Stephen Frears, Otar Iosseliani, Elia Suleiman, Anton Corbijn, Mathieu Amalric, Vicente M. Foix, Lou Reed, Baltasar Garzón, John Malkovich, Manfred Eicher et Lawrence Weiner ne sont que quelques-uns de ceux qui composeront le relief de l´incontournable manifestation cinématographique ce mois-ci à Cascais. Constitué d’une douzaine d´oeuvres en compétition cette année, l´évènement se tiendra en effet du 05 au 14 novembre. À ne pas manquer!
- Les accréditations sont attribuées en fonction de l´activité professionnelle. Pour toute information – ciblée - détaillée concernant ce festival ou documents utiles à l´organisation de votre séjour :


(le site n'est disponible qu'en anglais ou portugais pour l'instant)




Laetitea

9.27.2010

CHABROL (1930-2010)



Vers 1992, lorsque j´étais au lycée, teintée sous le patronnage du style très naif, j´ai commencé à suivre avec acharnement les travaux filmiques - mise en corps d´une interrogation / réflexion / dénonciation / protestation - mettant en évidence les mécanismes qui mènent à « l´Ambassade Cinématographique ». Indépendamment du circuit commercial, le cinéma francophone est suffisament connu pour qu´il soit inutile d´y revenir très longuement. J´ai donc commencé par organiser les rapports possibles - théoriques et techniques - au sein d´une quelconque trame fictionnelle: Je me souviens, à l´époque très jeune (12/13 ans), la drôlerie éculée, plutôt acide, et les vaudevilles stéréotypés de la thèse - authenticité - à laquelle Chabrol est demeuré fidèle, m´ont bâti mes premiers maux de tête. En effet, en rôdant une philosophie nietschéenne à partir d´un personnage foncièrement «lyrique» de Coppola, la jubilation que procure la fiction chabrolienne permet à l´auteur de piéger son public. D'après moi, aujourd´hui, entre le balancement dialectique hitchcockien et scorsesien, s´étant amusé des aventures que les personnages vivent à leurs dépens, le spectateur est obligé d´affronter le problème moral qui découle de ces tribulations souvent meurtrières. Sa mise à l´épreuve est d´autant plus âpre que Chabrol ne facilite pas la tâche. L´auteur ne condamne pas l´attitude de ses protagonistes, au demeurant contestable, ce qui viendrait à répondre (à la place du spectateur) au questions que posent ses films. Chabrol n´était pas un moralisateur mais un moraliste (...). Il me semble que la différence essentielle est que la mise en scène de cet auteur joue avant tout sur des valeurs psychologiques et morales, longtemps contestées pour son « mauvais goût », beaucoup plus que sur une mécanique hollywoodienne proprement dite.

J´ai pleinement puisé mon inébranlable enthousiasme enfantin dans de la macédoine filmographique: Hitchcock, Welles, Scorsese, Cassavetes, Truffaut, Polanski, Coppola, Capra, Aldrich, Wilder, Renoir.. entre autres, sans oublier, bien sûr, la perfection chabrolienne.
Je suis donc tentée de faire le point, ici, en particulier pour les jeunes lecteurs, tout en apportant quelques informations inédites:

Fils de pharmacien, Claude Chabrol est né à Paris le 24 juin 1930. Pendant la guerre, il passe son enfance à Sardent, un village de la Creuse. Lá, il loue un appareil de projection. Un garage sert de local: « Le Cinéma Sardentais » est né. La paix et les études ramènent Chabrol à Paris. Après un bac C (obtenu à l´arraché), il fait des études de lettres et de droit, avant d´entrer en faculté de pharmacie, suivant ainsi le modèle paternel. Claude accomplit ses obligations militaires dans un service de santé. Libéré, il met terme à cette voie « sérieuse » de futur pharmacien, préférant fréquenter assidument les alentours des ciné-clubs, particulièrement ceux du Quartier Latin. C´est ici que ses rencontres sont déterminantes. Paul Gégauff (qui sera sont scénariste pour beaucoup de ses films) est l´une d´elles. Entouré de ses amis de la « Nouvelle Vague », le jeune homme entre aux Cahiers du cinéma (crée depuis peu) en novembre 1953, où il signe un premier article sur Chantons sous la pluie (G. Kelly, S. Donen), intitulé « Que ma joie demeure ». Chabrol rédigera également des critiques de films d´Hitchcock (qui à l´époque n´est pas encore reconnu comme un cinéaste de premier plan), Aldrich, Hawks, Mankiewicz, Walsh.. parmi beaucoup d´autres. Notre futur cinéaste crée assez tôt sa propre société de production en 1956, AJYM-Films (AJYM sont les initiales de sa première femme et de ses enfants) pour produir les courts métrages des amis, comme le Coup du Berger, de Jacque Rivette, et dont le « producteur » à écrit le scénario. Vient ensuite le Beau Serge (rebaptisé Vinho Dificil au Portugal). Sous l´acceuil chaleureux de la critique (révélatrice), succès du public, ce film est primé à Locarno en 1958. Bellamy (2009) fut le dernier film du realizateur.


Le 12 septembre de 2010, à Paris, l´illustre étincelle chabrolienne s´éteint. C´est-à-dire elle nous quitte.. elle me quitte. C´est dorénavant l´Histoire qui va rendre son verdict sur la place que l´homme occupera dans l´avenir. Je ne sais pas si c´est bien nécessaire de définir la dualité de l´homme: de monssieur Claude il ne restera forcément rien, du cinéaste Chabrol, désormais sous un jaillissement perpétuel parmi la mytomanie cinématographique protestataire, survivra assurément l´un des cinéastes - légendaires- français les plus dévoreurs de pellicule.




Laetitea


6.24.2010

Traição Fetal

Traição Fetal by Laetitea
A circunstância do meu envolvimento no seio da Prevenção do Cancro autoriza-me a uma reanálise destas questões e um renovado interesse pelas possíveis soluções, à luz do confronto da própria experiência no sector com o auspício directo de reputados médicos e sociólogos. Mediante a OMS que previu, recentemente, uma duplicação do cancro para as próximas duas décadas e o presidente do Colégio de Oncologia Médica da Ordem dos Médicos (Jorge Espírito Santo) a reforçar, há dias, a sua preocupação perante uma crise que ameaça afectar o acesso às terapêuticas - recentes - adequadas, antecipo, aqui num formato talvez mais pessoal e singelo, a abordagem de um tema cujo desenvolvimento tem sua difusão prevista para Outubro próximo, nos meios adequados como é óbvio. Tratando-se, este, de um «apanhado» simplificado destinado a determinados grupos de leitores, permitir-me-ei pronunciar-me, aqui, sem grandes detalhes quanto à esfera biológica e/ou epidemiológica.


Um pouco de história


A planta do tabaco ou «petum» é originária das Américas. Em 1492, na ilha de S. Salvador (Antilhas), foram avistados indígenas atidos ao perfume de certas ervas. Anos mais tarde (1500), os marinheiros do Pedro Álvares Cabral tinham visto naturais das terras então descobertas (Brasil) aplicar sobres as feridas uma erva, fumá-la e/ou aspirar as suas folhas secas e reduzidas a pó. Há indícios que permitem admitir que, poucos anos depois, a mesma planta era já cultivada em Lisboa nos jardins reais, embora a sua plantação em Portugal seja frequentemente atribuída a Luís de Goes (1530). Já agora, em España, a preciosa planta terá sido introduzida pela mão de Rodrigo de Jerez, companheiro de Colombo, em 1498. De forma segura se pode afirmar que a erva do tabaco era utilizada como medicamento em Lisboa, em meados do século XVI. Foi encontrada uma carta, datada de 26 de Abril de 1560, enviada por Nicot (embaixador de França na corte de D. Sebastião) ao cardeal de Lorena, onde eram fortemente gabadas as virtudes curativas da planta exótica. Os efeitos da planta depressa convenceram a rainha Catarina de Medicis e assim ficou o nome de Nicot ligado para sempre à designação botânica. Em 1565, Lonitzer a denomina de «Nicotiana», mas essa designação só é definitivamente consagrada dois séculos depois por Linneu.
Depressa as sementes são espalhadas pela Europa. A expansão do comércio marítimo encarrega-se de tabaquear o aroma natural do resto do planeta.
Hoje sabe-se que essa extraordinária divulgação não foi devida às virtudes terapêuticas - que na realidade não possuía - mas sim ao gosto e prazer que proporcionava através da sua forte acção geradora de dependência. Como qualquer outro vício danado, a tabacomania nunca negoceia com as mentes fracas dos humanos e a comercialização do vício não tardou em se transformar em negócio dos mais rendosos. Hábeis nas invenções fiscais, rapidamente os governos juntaram-se ao festim e começaram então a auferir proventos cada vez mais substanciais com impostos sacados da cartola estatal.. Até que o clínico francês Buisson dê o alarme em 1859. A partir dessa data os principais beneficiados do negócio tentaram a todo custo silenciar os ecos da maldição do consumo. Os laboratórios foram identificando os factores oncogénicos do fumo, tais como químicos de elevado peso molecular na ordem dos hidrocarbonetos: benzo-a-pireno, dibenzo-a-h-tolueno, dibenzo-a-i-pireno, etc.. Mas há muitas substâncias - mais de 1000 - tais como arsénio, cobre, crómio, acetona, alguns pesticidas também.. enfim, escusar-me-ei, continuar, o resto da "miscelânea" é de fácil dedução.
Por isso, agora sim, vamos a números: até há bem pouco tempo, trezentas mil mortes por ano nos Estados Unidos, cinquenta mil na Grã-Bretanha e cem mil no Brasil, etc. A lista é longa e os valores ultrapassaram o inimaginável tolerável.
O vício não se contenta em "ceifar" na carteira, a saúde desaparece igualmente pelo mesmo "cano". Pelo que as consequências também arrepiaram os cofres do(s) Estado(s). O reverso do brilhante negócio acarreta prejuízos que rondam os milhares de Euros por cada doente e a dimensão do orçamento estatal comprometido obrigou o executivo a pensar melhor. Foram então legisladas medidas redutivas, consciencializando os consumidores sobre os efeitos perniciosos do tabaco e, recentemente também em Portugal, alicerçadas nobres poupanças na saúde dos fumadores passivos (sob protestos dos fumadores). Já agora: num futuro próximo, soluções igualmente intransigentes são a considerar perante o fenómeno consagrado ao álcool, apesar da forte pressão exercida por parte das associações / institutos vitivinícolas.


Tabacomania feminina

Se pensa que o Tabaquistão é algo parecido com o Clube da Luz, desengane-se! Em muitos países, nas últimas décadas, elas (minhas conterrâneas de género) tornaram-se também grandes apreciadoras do canudo. Não só aumentou consideravelmente o número de consumidoras e a média de cigarros fumados, como baixou, muito nitidamente, a idade de início do hábito. Enquanto no post-guerra as mulheres começavam a fumar entre os 20 e os 30 anos, hoje adquirem o hábito sensivelmente na mesma idade dos rapazes, isto é, por volta dos 13 anos.
Consequentemente, conforme atestam indicações emitidas pela Direcção-Geral de Saúde, tem-se vindo a verificar, nas mulheres, um aumento progressivo da incidência das doenças relacionadas com o tabagismo: bronquite crónica e enfisema, enfarte do miocárdio, cancro do pulmão, etc. Esta última doença que, quarenta anos atrás era considerada quase exclusiva do sexo masculino, está actualmente a atingir, na mulher, proporções nunca anteriormente constatadas.
Não é por acaso que no «Dia Mundial sem Tabaco» tem-se vindo a reforçar o apelo numa estratégia tendencialmente direccionada para as «elas». Confrontada com a previsível perda de quase metade dos fumadores actuais, praticamente no fosso da morte prematura devido a doenças relacionadas com a rotina tabaquista, a indústria tabaqueira logra na comunidade feminina uma enorme oportunidade, sustenta a Organização Mundial de Saúde (OMS). O «Marketing de arremesso» procura nicotizar a população (feminina) jovem, que é a faixa etária onde se tem registado um maior acréscimo de consumo. O recurso à elegância, sofisticação, glamour, atribuindo-lhe o efeito "redutor de apetite" e/ou embalagens angelizadamente desenhadas fazem parte da astuciosa táctica aplicada ao tenebroso cilindro.
A situação não é exclusiva de Portugal, em Inglaterra, entre 1959 e 1973 o coeficiente de mortalidade por cancro do pulmão nos homens aumentou de 8 %, o que significa um certo abrandamento do crescimento em relação aos decénios anteriores. Ora, no mesmo período de tempo, nas mulheres, verificou-se um crescimento do coeficiente de mortalidade por essa doença, da ordem dos 50 %.
Outro exemplo: nos Estados Unidos, para o sexo feminino, os coeficientes de mortalidade por cancro do pulmão, que rondavam os 4,7 em 1950, subiram para 19,5 em 1976. Em 1978, nesse mesmo território, a doença ocupava já o segundo lugar no ranking das neoplasias mais frequentes na mulher, prevendo-se que ultrapassaria, dentre de pouco, o cancro da mama, o então líder da tabela. E, de facto, assim aconteceu: nos Estados Unidos, o cancro mais mortífero para as mulheres é já, na actualidade, o cancro do pulmão.
França na escapa à regra, segundo a epidemiologista Catherine Hill (Instituto Francês de Vigilância Sanitária), a bronquite crónica obstrutiva é hoje titular de mais de 16 mil mortes por ano. Em 10 anos, a taxa de mortalidade por essa bronquite aumentou em 21 % para homens e 78 % para mulheres.
Nesse mesmo país, em 1990, sem descriminação de géneros, mais de 50 000 óbitos foram rubricados só pela mão do tabaco e do álcool juntos. Em relação a esta famosa dupla, igualmente muito amiga dos portugueses, uma nota: alguns dos principais cancerígenos do tabaco, como o já referenciado benzo-a-i-pireno, são solúveis no álcool, o que explica a maior incidência relativa ao cancro da boca, faringe e esófago nos fumadores que, simultaneamente, são bebedores excessivos. Outros cancros como o do pâncreas, do rim e da bexiga são igualmente namoradeiros do tabaco.
A colecção de neoplasias fertilizáveis pela acção «iniciadores tumorais» do tabaco é de facto assustadora.

Afastando-me de qualquer pretensão nos estudos epidemiológicos descritivos ou analíticos, a de notar: além do tabagismo exercer, pois, no sexo feminino, as mesmas acções nocivas que se verificavam no sexo oposto, o organismo da mulher metaboliza com mais dificuldade os produtos carcinogénicos da nicotina, daí mais susceptível de desenvolver complicações. Portanto, nada de tentar imitar os rapazes para se merecer notoriedade ou, a médio prazo, essa «triste igualdade» vai repercutir-se na incidência de uma formosa neoplasia pulmonar de saia e saltos altos, conforme certificação do oncologista António Araújo (IPO). Ora é, precisamente, neste ponto que se situa a dinâmica da minha publicação de hoje.


Tabagismo e pílula

Como já vimos, fumar constitui um factor de risco considerável de desenvolvimento de doenças cardio-vasculares, nomeadamente de trombose coronária ou enfarte do miocárdio. Mas o uso de medicamentos anti-concepcionais orais pela mulher, exerce efeitos do mesmo tipo. A associação desses dois factores - uso habitual da pílula aliado ao tabagismo - aumenta os efeitos nocivos de cada um deles. Dados oficiais publicados nos Estados Unidos indicaram que o uso habitual dos anti-concepcionais orais, por si só, determina um aumento da taxa de incidência de enfartes do miocárdio, de 50 %, nas mulheres acima dos 30. Mas quando se associa ao uso da pílula, hábitos tabágicos, a taxa de enfarte sobe extraordinariamente até aos 75 %.
Investigações levadas a efeito em Inglaterra, envolvendo dezenas de milhares de mulheres, apontam no mesmo sentido, mostrando igualmente uma incidência muito mais elevada de enfartes nas mulheres que, sendo fumadoras, fazem uso dos anti-concepcionais orais.
Também a incidência de hemorragias cerebral e de trombo-embolia de outras localizações são mais frequentes nas mulheres que tomam este medicamento (incidência 6,5 vezes maior em relação às mulheres que os não tomam). Essa incidência aumenta para 22 vezes mais em mulheres fumadoras.
Há, pois, evidência inequívoca de que os anti-concepcionais orais e o tabaco têm acções sinérgicas, sendo o acréscimo de risco resultante do seu emprego simultâneo suficientemente importante para se considerar que o tabagismo é "contra indicação" para o uso da pílula. Mas mulheres a partir dos 30 anos de idade que não conseguem (...) deixar de fumar, devem abster-se de usar os anovulatórios e adoptar métodos anti-conceptionais alternativos (condignos). Sobre esta matéria, não faço comentários elementares. Se, com esta publicação e não só, viso apoiar, alertar e proteger o(a)s mais fragilizado(a)s, manter-me-ei fiel à coerência dos meus princípios morais, com ou sem leis coercivas ditadas pelas maiorias.
Retomando o "fio à meada": foram analisados os dados referentes à idade do estabelecimento da menopausa, em 57 000 mulheres, em estudos efectuados nos Estados Unidos e em vários outros países. Todos os exames indicam de forma concordante, que o uso do tabaco antecipa a idade da menopausa, verificando-se uma relação de tipo dose-resposta, isto é, quanto maior é o número de cigarros fumados diariamente, mais precocemente se estabelece a menopausa.
Admite-se que a acção dos agentes tabacais sobre o sistema nervoso possa ter repercussões sobre as secreções hormonais que regulam o período de fertilidade feminina.


Fertilidade e gravidez

Esta acção do fumo do tabaco deve ser encarada como uma das mais dramáticas, exercidas indirectamente sobre o(a)s que não fumam. O feto de mãe fumadora deve ser considerado o símbolo do «fumador passivo» - que sofre, sem qualquer hipótese de defesa (ou queixa na APAV), os efeitos prejudiciais da tabacomania, veiculados através do organismo materno.
Os recém-nascidos cujas mães não se abstém de fumar durante a gravidez apresentam uma média de peso inferior à normal. O baixo peso ao nascer constitui factor de risco de mortalidade nos primeiros tempos de vida. Diferenças de peso que variam de 150 a 280 gr são encontrados em cerca de 30 % dos recém-nascidos de mães dependentes do fumo.
A incidência de prematuridade, traduzida por recém-nascidos com peso inferior a 2,500 kg, é também mais elevada nessas mães. Outro estudo incidido sobre 200 000 partos, mostrou que, em mulheres que teimosamente continuavam a puxar pelo cigarro durante a gravidez, a incidência de prematuros foi 50 % superior. Paralelamente, as investigações mostram ainda que o menor peso ao nascer das crianças filhas de gestantes fumadoras, é um fenómeno geral, e isto independente da raça, das condições socio-económicas e/ou da distribuição geográfica.
Estudos prospectivos levados a cabo em vários países (e posteriormente confirmados por análises cuidadosas a fim de afastar eventuais erros por interferência de factores acessórios), permitem concluir que o número de abortos espontâneos entres as gestantes fumadoras é quase duplo do que é constatado nas não fumadoras. A incidência de anomalias congénitas, em especial cardiopatias, aumenta consideravelmente em sujeitos oriundos de uma gestação minada pela tabaquista.


Conclusão

Uma gravidez interrompida (mortalidade perinatal), dar à luz nado-mortos ou ainda, com maior frequência, deixar ao mundo uma descendência com poucas condições de resistência (com sequelas permanentes) são habituais, embora se desconheça ainda todos os efeitos que os numerosíssimos componentes do fumo porventura exercem no conjunto constituído pelo organismo materno, sistema útero-placentário e compleição fetal.
Apesar deste texto conter alguns detalhes embaraçosos, ocultei os mais aflitivos. A nós, mulheres, foi-nos confiado uma das mais nobres tarefas ao serviço da vida: o futuro. Ao aceitá-la, é nossa mais profunda missão honorificar cada esforço, cada sopro, dado que a base para a aliança das sucessivas gerações repousa no cumprimento de todos os valores primordiais exigidos. A dignidade do simbolismo feminino não se resume a tristes exuberâncias empunhadas de direitos, neste ponto, como, aliás, em tantos outros, exercidos com egoísmo ou ignorância. A dignidade é reguladora da liberdade!


Laetitea






4.19.2010

VÍCIOS FM

VÍCIOS FM by Laetitea (publicação)



A relação entre as editoras e as rádios nacionais nunca foi muito saudável, existindo críticas severas ao comportamento das rádios de maior audiência em relação à música editada por cá e ao facto de os critérios das estações ou das ensombradas playlists das mesmas não serem nem transparentes, nem lógicos. Todas as editoras são unânimes em proclamar a necessidade de estabelecer regras entre rádios e editoras.
Muitas rádios, por o seu lado, levantam a questão dos investimentos publicitários por parte das editoras. A situação económica da indústria discográfica não é de grande conforto, pois embora possua um património de crescimento razoável, este não apresenta a desejável rentabilidade, revelando a existência de ineficiências e níveis de tributação que se julgam insatisfatórios. Todavia, as editoras consideram que para «investimentos» no sector radiofónico basta fornecer os habituais CDs de promoção, quando este último reclama uma outra aplicação de capitais nomeadamente em publicidade tradicional. Aliás, essa é uma crítica apontada de forma generalizada às editoras portuguesas: “as editoras não fazem publicidade” e ponto final. Mas, por o seu lado, as rádios continuam a arvorar bem alto a sua independência de critérios e, sobretudo no caso de algumas rádios nacionais, instâncias meramente comerciais.

Trata-se de mais um ciclo viciado no osciloscópio do mercado. Difícil de entender é certo, mas vejamos com calma: assistimos a uma transição entre a rádio com horários e programas que obedecem exclusivamente aos critérios (e disposição) dos seus autores, para uma sequência orientada tematicamente por critérios definidos para suas audiências. Mas que critérios são esses? Para além de existir raciocínio incompreensível, será possível não haver interesses individuais e/ou simplesmente uma vontade ditatorial sobre a programação nesses formatos «temáticos» ?!

Na prática, em Portugal as rádios (como as televisões) precisam das editoras, tal como se verifica a mesma fórmula no sentido inverso. É inaceitável que num país, como indústria discográfica cada vez mais lançada para o mercado internacional consoante minhas entusiasmadas convicções, existam conflitos desta natureza. Sobretudo quando as editoras continuam a precisar de incentivos para editar ainda (bastante) mais produto nacional e rádios nacionais a refutar irascivelmente o exercício das leis que obrigam à emissão de um mínimo de música em português. Leis essas, actualizadas com alguma frequência (…), justas e, para quem entende desta matéria, facilmente concretizáveis. É pena que, neste caso, tal como nas cotas de produção europeia em canais de televisão, o Estado português continue igualmente pouco viril no seu papel de fiscalizador, esvaziando e ridicularizando, cada vez mais, as suas próprias algaraviadas políticas ou fazendo tábua rasa do empobrecimento do seu espólio cultural (ver blogs anteriores abordando o tema).

Conforme atestam alguns dirigentes da produção musical, pôr a tocar aquilo que se faz por cá tende a ser tarefa de surdos "as rádios não dificultam, bloqueiam simplesmente a via!". Basta consultarmos a Music Control na França, Itália ou vizinha Espanha, entres as 20 ou 30 primeiras faixas tocadas nas emissoras, apenas algumas não são nacionais. Em Portugal o lema continua com o passo trocado e dá-se precisamente a mesma regra, mas no sentido contrário.
Passo a exemplificar o fenómeno: ainda «catraia» a saltitar entre França e Portugal, já assistente neste «bordado» do audiovisual por outros motivos, acompanhei de muito perto todas as «malhas» de preparação num dos projectos boys band. O rigor da estratégia com que foram seleccionados os colaboradores, desde músicos, produtores (áudio e vídeo), realizadores (TV), direcção de moda, designers gráficos, road manager (espectáculos), etc.. marcou-me profundamente. Um investimento agressivo e incalculável. Quem aparece no palco e/ou o que se vê na tela (ou ecrã) encapuza a fúria dos bastidores, isso já eu sabia. Mas os conflitos de interesses, que nunca deveriam ser tolerados, revelaram (me) a verdadeira brutalidade do market share. Uma época infernal para o(a)s profissionais, na qual o único armamento eficaz resultou de uma excelente formação (continuada) profissional aliada a um «potenciómetro neurológico» de aço. Grandes administradores como o Rudi Steenhuisen (na altura director de marketing na sequência da saída de Rodrigo Marim), habituado ao procedimento holandês, ao enfrentar forte resistência contra a Polygram, depressa se viram minados numa viperina acção de boicote ditada pela industria portuguesa (rádio e televisão).
Outro episódio, que disparou - nivelou - ferozmente a minha evolução, em que o responsável pelo management dos Wonderland, em plena época de promoção da banda, pergunta a uma rádio (que não cito por razões óbvias) qual o motivo para não tocar o single de lançamento, ao que a emissora alegou única e exclusivamente conflitos com a direcção (Mercury) e consequentemente não passar nada da Universal (então ainda Polygram). Um mero exemplo sobre o handicap com que se negoceia Arte (em geral) em Portugal. Em televisão, naquela altura, num canal pelo qual tenho um profundo respeito, não só por ter feito parte da minha formação, mas porque é uma televisão com meios de produção condignos e que igualmente possui mérito no seu trabalho, acabou prejudicado vítima de uma empresa de licenciamento de repertórios viciados. Nesse mesmo ano o caso «Santa Claus» paradoxou outro infeliz episódio.


Lição conclusiva:

Investir em televisão, ou rádio neste caso, é uma ciência de evolução diária.
Nesta indústria não há poeira mágica que cegue o público. Se, com a sórdida conflituosidade ente rádio e editora a asfixiar a divulgação, o mercado não facultar o material procurado, há muitos elogios, mas não há compra.
O auditório português deu provas que sabe ouvir (e ver), tratá-lo com respeito é o único charme capaz de o conquistar. Pode ser em idioma «estranhês», se o produto assentar nos parâmetros artísticos da plateia, vende. Oriundos das diversas elites sociais, muitos foram os que alvejaram e vaticinaram a performance do expositor “música ligeira” cantada em português para portugueses. Atingidos pelo fulgor platinado que lhes saiu pela culatra, uma boa parcela desses conceituados atiradores não teve outra solução senão vergar os seus empáfios preconceitos para aparecer na mesma prateleira. O caso é demasiado óbvio e as apresentações inúteis. A música cantada em português prossegue pela mesma fileira, só que desta vez a concorrência habituada a golpes baixos já não arrisca «tiros no pé».
Quando se faz rádio ou televisão e se quer andar na «boca do povo», vai-se com ele à missa. Não é preciso meditar muito à sombra do chaparro para decifrar soluções elementares refrescantes. A época batoteira já lá vai. O mercado tem vindo a galgar os cercados manhosos, principalmente pela agilidade tendencial com que gerações regressivas da emigração tripulam a descida ao «poço da vergonha» dos nativos, a fim de devolver à luz do dia lusitano a cintilação do brio paterno. Veja-se a recente «recauchutagem» do fado. Nesta indústria não há dois pesos duas medidas. Portugal atravessa um conceito novo no âmbito da sua afirmação produtiva. Felizmente, actualmente em televisão ou rádio, «sacar o tapete do vizinho» (regra muito comum de quem não sai da «cepa torta» e cuja sabedoria única nunca teve outra habilidade senão para o fracasso) deixou de atrapalhar as ambições qualitativas. O rodapé não é obstáculo quando se pretende alcançar o tecto. É uma simples questão de tempo. Hoje, apesar dos meus ínfimos sete anos de experiência, tenho o privilégio, o orgulho e a honra de pertencer a um núcleo remetido a uma metodologia exemplar quer nas propostas, inovação, rigor e consequentemente nos créditos obtidos.

Fala-se muito em meros "modelos taxativos" em televisão, por parte dos desentendidos nesta matéria, mas em termos de projectos musicais, que é o cerne deste artigo, o processo não foge à regra: um bom projecto, aqui refiro-me a uma proposta capaz de recensear uma operação séria e é sempre útil sublinhar que nesta indústria a facturação inicial raramente obedece a plafonds situados abaixo da centena de milhares de Euros, acarreta sempre princípios contabilísticos (de prudência) e por isso mesmo requer medidas "sérias" que garantam o seu espaço na radiodifusão. É a única fórmula capaz de proporcionar ao público o acesso à obra.
Nesta questão assumo uma posição extremamente inflexível: seja ele rotulado de "música fácil" quando agrada ao povo e/ou denominado de "música educadora" para satisfazer determinadas minorias, todo o projecto assinado com qualidade acaba por sortir efeito.

Privar a audiência da qualidade, em nome de alguns caprichos pessoais, é endividar-se perante o futuro, travando o processo giratório do nosso globo cultural.



Laetitea


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3.30.2010

L'enjeu à l'antenne



Les premiers mois de 2010 ont été secouées un peu partout sur notre planète tourmentée par une déflagration de séismes aux plans physique, idéologique, politique et le tout, récemment couronné aussi sur le terrain religieux. On a pu entendre craquer les structures du vieux monde et bourgeonner de nombreux palliatifs moreaux, eux aussi nouveaux. Mais sont-ils susceptibles de transformer la réalité?

L´univers de la télévision déroute particulièrement car, justement, elle trouble actuellement la distinction entre « invisibilité » et « convenance ». Sur cette projection, côté « Prévention du Cancer » puisque c´est le coeur de cet article, nous sommes au royaume de la tragédie. On lui raprochera tantôt sa désinvolture, tantôt sa gravité. Mais n´allons pas croire qu´il suffirait de traité le grave avec légèreté et ce qui est léger nécessite l´attention la plus grave.. C´est un peu plus compliqué. Atteindre le (télé)spectateur tient à une recherche constante de la « médiation ». Le lecteur va penser que je prône l´objectivité télévisuelle plier aux exigences du public, mais en vérité, là aussi méfiante, je rejette la soi-disante « bourgeoisie lyrique » dans le rôle de prévention. Tout au contraire, la prévention, en télévision, c´est une traversée redoutable des faiblesses portée à l´encontre de l´inconfort. C´est à nous de débusquer, sans scrupules, la vérité sous le manteau des « apparences ». C´est à travers l´invisibilité de la mise en scène mensongère exhibant l´hypocrisie que désormais la caméra décèle (et méprise) nettement le mieux ce processus préventif sur le petit écran!

Si violents soient ses tournages, si crues et atroces, l´atteinte pictural garde toujours une distance sensible par rapport à cette barbarie (...). Il ne s´agit pas de faire un panorama sociologique de la maladie (cancer), mais de constater que dans les lieux médicaux et para-médicaux, la représentation n´existe pas! La speakerine de la TV vous regarde dans le blanc des yeux et la technique de base à la radio consiste à bafouiller et/ou à improviser, pour vous rendre copain de l´émission (quelquer fois littéralement ridicule) que vous « avalez » spontanément sous une schématisation manipulatoire. La fiction y retrouve son compte. Comblé de ce côté-ci, clôt fugitivement, le spectateur est prêt à tout accepter des caprices (justifiés) d´une quelconque trame fictionnelle, contre tout autre modalité gênante, emotionnellement immaîtrisable et inquétantes.

Nous avons tous notre côté humain, ou du moins, nous sommes tous persuadés d´en avoir un (?). C´est la plus simple définition, qui peut, l´offrant à autrui, communiquer et/ou exprimer ses émotions. Mais la société, que fait-elle de cette fragilité?! Comment se sert-elle de son humanité, ou au contraire, comment s´y prend-elle pour s´en débarrasser? Comment se fait-il que, depuis quelques décennies, elle semble vouloir la maltraiter toujours plus? En somme, aujourd´hui, c´est donc le sort d´une humanité patchwork esthético-critique qui est en cause. Parce que son statut esthétique, nul domaine où cela soit plus évident que dans la publicité, qui a profondément transformé ses stratégies depuis la fin du XIXª siècle, fonde - empoisonne - délibérément son typage sur le besoin d´enjeu illusoire obsessionnel. Or, le sentiment du temps à lui aussi beaucoup changé. Le rythme des actes de la vie quotidienne s´est autant accéléré depuis deux ou trois décennies que durant toute l´histoire de l´humanité auparavant. Autrement dit, l´expressivité de l´idéologie humaniste ne serait plus reconnue que dans un discours hollywoodien, celui du commerce, qui sait l´utiliser, qui sait au besoin la produire, mais qui ne sait la justifier. Malheureusement, il faut reconnaître que, trop souvent, les metteur en scène sont amenés à faire des concessions à la production, parce que le «système» a une certaine structure adaptée aux films commerciaux (publicité, distribuition).

Dans cet espace paradoxal, certaines formes sont, plus que d´autres, adaptées à la survie. Le documentaire télévisé (ou quelquer minutes de pub) n´est plus modelé de la même façon qu´à l´époque, il n´en reste pas moins « filmique », produit par le même désir de s´égaler au temps. Aussi bien, l´écrasement du sens du « temps » par son infini découpage et son incessant modelage, n´est si terrible que parce qu´il veut dire aussi, forcément, une perte du sens de la mort. « Mort », seule certitude, au fondament des sociétés humaines sans exception. Matériellement, puisqu´elle m´échape dans la surmédicalisation, dont le refus de l´euthanasie n´est que conséquence la plus extrême. « Extrême » limite du supportable. Serait-elle seulement une vague caricature du souffle aventureux qui enthousiasme l´audace d´une prévention (du cancer) frontal et écrasante?! Un « témoignage » mise en corps par de nombreux artistes (portugais), atteints, mettant en évidence les mécanismes de la maladie.
Une sorte de « music-hall d´avant-garde », sous la précieuse étincelle de la Ligue Portugaise Contre le Cancer (LPCC) et l´Institut Portugais d´Oncologie (IPO) de Lisbonne, me paraissant particulièrement intéressant qui expose, à travers un certain nombre de points précis tout au long de cette année (2010), un inépuisable potentiel interdisciplinaire sur lequel les quelques minutes extra-verbaux, ici au Portugal, occuperaient toute programmation à l´antenne.



Laetitea

2.11.2010

Face Visível



Política, Justiça e Informação. Eis as três linhas mestras, fundamentais à estrutura social, que foram perdendo os instrumentos teóricos e metodológicos que permitam no futuro passar, sem hiatos comprometedores, às tarefas «de campo» e com as quais se pretende revestir a calçada da praça pública. Isso explica porventura, por um lado, o carácter de muita "tapeçaria" exposta um pouco por todo o lado, com contornos esfumados, a aspiração a um estudo criminológico de algumas das manifestações mais expressivas da fenomenologia criminal dos últimos anos; mas, seguramente por outro lado, em muito menos que uma resposta cabal à generalidade das questões teoréticas, empíricas e pragmático-políticas que o tópico desta matéria suscita nas sociedades contemporâneas - nomeadamente na sociedade portuguesa.
Nem será, de resto, necessário apelar ao social survey para revelar e medir as atitudes colectivas dos cidadãos nem esperar pela sindicância da crítica - generalizada - para nos darmos conta do afunilamento das mangas e alçapões de que o têxtil jurídico padece.

Vejamos, por ordem: Justiça, Informação e finalmente Política. Sobrepondo a Justiça à Política e Informação, uma vez que destas duas últimas se pressupõe uma metodologia assentada na primeira, vou conscientemente privilegiar neste artigo uma referência teorética, talvez não despicienda, ponto entre parêntesis a realidade do problema criminal no contexto bem português.
A «Face Oculta» ou «Face Visível» é para todo(a)s nós manifesto que toda a reflexão criminológica assenta em infra-estruturas ideológicas mais ou menos conscientes e se projecta em sugestões de política criminal mais ou menos controláveis, com principal atenção nas técnicas de investigação aplicadas ao caso. Assunção minha, esta, que procuro converter num estímulo vigilante à tolerância perante o(a)s outro(a)s, como é óbvio.

À semelhança do que sucede com as demais ciências, nomeadamente as ciências humanas, a investigação criminológica não obedece a nenhum princípio de numeros clausus no que toca aos métodos, no sentido de técnicas de investigação. O que neste aspecto distingue a criminologia é apenas a circunstância (“excepcionalmente grave” foi o termo usado, esta manhã divulgado, por um eurodeputado justificando a sua candidatura à liderança do seu partido) de a tendência para a atipicidade das técnicas ser aqui particularmente potenciada. E isto por um conjunto de razões emergentes do factor pluridimensional deste caso, privilegiando um procedimento específico de procura, observação, manipulação e interpretação dos dados (escutas) aqui envolvidos.
Tratar-se-á, sobretudo, de técnicas de acesso ao universo de “simbolizações” dos visados e aos processos de transmissão que possibilitam a vida quotidiana. Compreende-se a articulação que este caso tomou a nível de deontologia por parte dos envolvidos, deste a recolha de dados, na sua avaliação à sua publicação. Afigura-se-nos mais pertinente uma referência sumária às mais herbadas publicações conduzidas sob uma “legitimidade que não deixa de ser puramente tendencial”, o que não se justificaria, por isso, uma insistência na ponderação dos créditos respectivos.
Por razões de arrumação, porque no fundo se trata de um órgão de comunicação autónomo no exercício do direito de informar de modo supostamente análogo ao disposto a prestar serviço público, rejeitando uma eventual reacção conformista, já se ensaiaram determinados items antes de uma total resignação aos benefícios de utilidade inquestionável e fundamentais ao estado de direito. Ao contrário do que acontece com o procedimento lógico-conceitual, esta acção obedece mais a critérios de utilidade (exposição, explicação e aplicação pragmática) do que de rigor.

Em síntese conclusiva, hoje em dia, com os actuais aparatos (necessários) em torno de temas delicados desta natureza, revelando, agora, uma Justiça há muito fragilizada, a subdivisão das tipologias de crimes em legais e criminológicas parece igualmente óbvia, agora. Tipologias legais são as que presidem, por exemplo, à sistematização da parte especial dos códigos penais e à generalidade das estatísticas oficiais. Ao lado do tipo legal de crime há, porém, que colocar o tipo de crime como unidade de sentido criminológico relevante em sede explicativa, político-criminal, etc.. É o que pode ilustrar-se com categorias como as do crime político, white-collar crime, crime organizado (como o desmantelado em Óbidos há dias em Portugal), crime against bureaucracies, crime sem vítima, crime ocupacional, crime violento (igualmente transitado para Portugal recentemente), etc..

Em Portugal temos bons profissionais nessas áreas? Sem dúvida alguma, são poucos mas são os melhores! E porque «justiça» foi o cerne deste meu artigo, nada mais justo do que finalizá-lo com a citação daquele que terá sido o derradeiro candidato a atirar a primeira malha neste assombrado charco, valendo como incentivo e arrimo. À semelhança da sua vizinha «criminal», a investigação «jornalística» correctamente levada a cabo "..apenas se compromete com a busca da verdade material. Não se deve preocupar com o politicamente correcto..(Gonçalo Amaral)" e .. atrevo-me: dissuasor.



Laetitea


1.27.2010

Casino Estoril solidário



Sismos parecem não querer dar tréguas ao povo do Haiti. A tragédia conta já com 1 milhão de desalojados e mais do dobro sem alimentação certa.
Por isso mesmo a ajuda de todo(a)s nós tornou-se imprescindível e prioritária. Para o(a)s moradore(a)s da região de Lisboa, dia 27 o Casino Estoril conta com a V. colaboração num jantar que foi organizado nesse âmbito.

Trata-se de uma angariação (de fundos) de última hora que conta já com a solidariedade e prestação de gente do espectáculo. O jantar tem o custo de 50 Euros por pessoa e, atendendo às condições laborais da maioria dos presentes, 21:00 é a hora prevista para o evento. Para mais informações ou reserva contacte o 214667700. Participe!


Laetitea

1.07.2010

Convaincre pour Vaincre

(Convencer para Vencer)

Ici debute la série d´images (…) du cancer que je souhaite poursuivre aussi sur ces réseaux (Internet). Néanmoins, une remarque concernant ce compte, pour le moment du moins, assembler ici tous les fragments en une construction cohérente est impossible alors qu´il y manque tant de pièces essentielles.
Enfin, l´accroissement d´efficacité de la lutte contre le cancer doit maintenant passer par la compréhension du phénomène. Les clés du passage de la cellule à la tumeur, au niveau du tissu néoplasique sur molécules synthétisées qui déclenche la transformation cancéreuse, puis à la maladie et à la fatalité de son évolution (naturelle) nous sont trop inconnues. On observe, on constate, on décrit, certe, mais on ne comprend toujours pas la «carte d´identité de cette maladie». Les interrogations sur ce langage codé pourssuivent. Autre exemple: “ la cause inconnue qui a entraîné une diminution des cancers de l´estomac est peut-être la même qui est responsable de l´augmentation des cancers du côlon ” selon l´Institut d´Oncologie Portugais (IPO).
Si tous les processus tumoraux étaient causés par des virus, l´histoire de l´oncogenèse serait assez simple. Mais à part quelques exceptions, dont le promoteur viral attribué à des hématosarcomes (lymphomes de Burkitt, etc) ou tout autres indispensables à la mise en route de la cancérisation primitive du foie, col utérin, etc.., les cancers surviennent dans l´espèce humaine sans l´intervention de virus. On connaît deux ordres de facteurs qui favorisent la genèse de cancer: les radiations, depuis le début du siècle dernier avec l´éclosion de cette maladie chez les premiers radiologues, et certains produits chimiques, depuis l´observation du cancer du scrotum des ramoneurs par Percival Pott en 1775.

La maladie cancéreuse est un concept général qui englobe tous les cas et symbolise l´unité fondamentale du Cancer. Les (nouvelles) mesures de prévention, reposantes sur la grande diversité des tumeurs qui diffèrent par leur localisation, leurs histologie, leur évolution, pronostic et traitement à un stade précoce. Il s´imposait de mettre de l´ordre dans ce «fouillis» faussement anodin. Après le passage de la maladie cancéreuse à la collection ardonnée de cancer, la démarche, logique selon moi, voudrait que chacun d´eux soit abordé séparément sous la nomenclature antomique et histologique codée de l´OMS, dont le vaste chapitre consacré à l´oncologie (CIM-O). La classification TNM (destinée à l´usage pragmatique quotidien en clinique) n´est plus discutable. Enfin il y faudrait une bibliotèque entière en ouvrages spécialisés.

Tout compte fait, PRÉVENIR est à l´ordre du jour. L´efficacité des thérapeutiques anticancéreuses est le résultat d´une «lutte contre la montre» entre le diagnostic et la maladie. Cliniquement parlant, paradoxalmente, ce dépistage (prématuré) des cancers, à leur tout début, présentant des difficultés qui en rendent l´application très limitée. On attache de plus en plus d´intérêt à une catégorie de lésions qui, sans être malignes (…) par elles mêmes, peuvent faire le «lit du cancer». Par ailleurs, quels que soient le siège, l´aspect et la nature de la lésion d´origine, bien que ces cancer in situ soit des lésion (hiperplasie, métaplasie, etc..) ambiguës qui embarrassent les cancérologues, comme dans un monde magique de dessins animés sans réalité sensible, les (dé)marches portugaises (Maratona BTT; Corridas EDP; etc..) ne suffissent plus! Cette situation en est le centre de toutes études cancérologiques (préventives) et mérite une action éducatrice attentive efficace en cohabitation des comportements - rebelles - humains. La plupart de ceux-ci, comparables à l´impasse HIV, piétinent obligatoirement sur la faille de raisonnement (disciplinaire) sans une (la) véritable «révolution culturelle»..

En attendant on ne peut se fonder que sur l´observation des groupes humains caractérisés ou sur la multiciplité des hipothèses. Les rôles du tabac, de l´alcool, de l´hépatite virale, du virus de Epstein-Barr (mononucléose infectieuse) et Sida sont solidement établis, oui, mais n´ont pas, sauf pour la vaccination contre le virus de l´hépatite ou l´épidémiologie récente (H1N1), abouti à des mesures de prévention efficaces. Sur ce point, tout le monde a son mot à dire! Cancérologues, bien entendu, mais aussi chirurgiens, radiologistes, biologistes, statisticiens, sociologues, voire juristes et moralistes. Certains médias s´accommodent en respectant la «consigne du silence» de l´hypocrisie, malgré les efforts du monde médical. Les futures recherches sur cette prévention semblent plutôt devoir porter sur un enchaînement constructif des facteurs de conduite alimentaire. Sans suivre le détour de la souplesse, ni même aproximative, sur l´alcool et le tabac des dernières décennies, l´avenir de la «prévention honnête» (au Portugal) passe avant tout par l´élimination sérieuse des obstacles liés à des questions de profits particuliers et étatiques «pourvoyeurs de mort». Sommairement, aujourd´hui on ne peut se contenter de romans et de films, fussent-ils de qualité, de récits autobiographiques, fussent-ils sincères et attachants, et d´émissions de télévision où les séquences arides sont entrecoupées de chansons. Le cancer est un sujet grave qui mérite une information sérieuse. Pour les médias, plus de doutes! le dernier pas à franchir pour que ce mystère soit entièrement éclaireci est donc de passer à l´échelon supérieur!


Laetitea